Minha família tinha tido envolvimento com o espiritismo durante muitos anos, meu pai era Pai de Santo ele e minha tia tinham um terreiro de umbanda. Muitas vezes assistíamos a algumas sessões e algumas as ciranças eram proibidas de assistir.
Outras vezes vínhamos até a mata arriar alguns trabalhos. Eu era criança mas me lembro bem de alguns brinquedos que queria brincar mas não podia por pertencer aos encostos.
Me lembro também de outras vezes que não tínhamos nada pra comer em casa mas meu pai entregava seu melhor para os encostos.
Eu e minha irmã fomos oferecidas, no dia de nosso batismo me lembro que ela foi batizada ao encosto que tomaria conta dela.
E quando chegou minha vez, meu batismo seria no mar, eles estavam fazendo um despacho quando um rapaz desobedeceu as ordens da entidade e caiu no mar, seu corpo foi encontrado muitos dias depois.
Minha irmã vivia muito doente, de seu ouvido saiam pedaços de sangue, minha mãe a levava praticamente todos os dias ao médico, e eles nunca descobriam o que causava aquelas dores.
Minha mãe tinha um problema no tendão, fazia exames ficava toda engessada, mas não melhorava, era uma tormenta os problemas de saúde em minha casa.
Além disso tínhamos muitas brigas, meu pai não conseguia parar em emprego nenhum , chegou um momento em que tínhamos muito, em outro momento não tínhamos nada.
É até engraçado falar, mas a verdade é que passamos fome, fome mesmo de minha mãe nos dar água com açúcar e nos colocar para dormir.
Roupas tínhamos quando ganhávamos de primos, isso mesmo meus primos nos davam roupas eu ia pra escola com bermudas de meninos, sapatos de meninos e estava feliz da vida!
Minha mãe nunca concordava com as exigência dos espíritos, e não acreditava que num momento eram bons e em outro ruins.
Foi então que ela saiu de vez, e foi para as novenas e prossições...
Minha casa parecia um museu com tantos santos e imagens.
Eu tinha dores constantes de cabeças ouvia vozes, via vultos era perturbada diariamente.
Continua....
